Os 10 melhores de 2014

Neste mês de festas dei uma freada nas leituras por conta de uma hospede pequena, peluda e fofa. Não estou me referindo ao simpático Ewok, mas da sapeca da Sushi! ♥ (*tem uma foto dela no post Presentes de Natal 2014 (…) Viram?! Uma fofa, né! (*-*)*). No mais, 2014 foi um ano de ótimas leituras e excelentes momentos! (^_^) Então não foi tão difícil listar os meus 10 melhores do ano. Enfim, segue a lista:

» 1 Litro de Lágrimas – Aya Kito ~ O diário de Aya Kito é um livro muito doloroso e o leitor deve estar preparado para chorar um litro de lágrimas ou até mais. Imaginar que sua jovem vida logo acabará por uma doença degenerativa irreversível é desesperador. Impressões sobre este livro aqui.

» 2001: Uma Odisseia no Espaço – Arthur C. Clarke ~ Iniciei o ano de 2014 com o pé direito! 2001: Uma Odisseia no Espaço foi uma agradabilíssima surpresa. A narrativa do clássico de Clarke é instigante! Tornou-se um dos meus romances preferidos do gênero de Ficção Cientifica (^_^). Já o filme não posso dizer o mesmo (¬_¬). Decepção! (U_U) Impressões sobre este livro aqui.

» Claymore – Norihiro Yagi ~ Há 3 anos atrás conheci o anime Claymore. Lembro que assisti aos 26 episódios em um final de semana. Pois é, verminei! Este ano comecei e conclui o mangá, que totalizou com 27 encadernados. A obra de Norihiro Yagi começou a ser publicada no Japão em 2001 e foi finalizada em 2014. Claymore é incrível! O autor desenvolve a história de Clare, de Raki, das guerreiras popularmente chamadas de Claymores, dos Youmas e da Organização em uma trama muito bem construída, com seus dramas, segredos, batalhas, com personagens e situações curiosas. Claymore trás uma narrativa que amadurece com qualidade! Recomendo bastante! (^_~)

» Diário de um velho louco – Jun’ichiro Tanizaki ~ Até o momento só li dois livros do Jun’ichiro Tanizaki, e ambos me agradaram bastante. Quero caminhar com calma por suas obras, apreciar cada detalhe de sua escrita singular, pois até seu romance provocativo é incrível! Impressões sobre este livro aqui.

» Helena – Studio Seasons & Machado de Assis ~ O quadrinho ao estilo mangá de autoria do Studio Seasons, baseado no romance de Machado de Assis, não poderia ficar de fora da lista. Valeu muito a pena esperar tanto tempo por este resultado sublime. Muito amor por Helena ♥. Impressões sobre este livro aqui.

» O pato, a morte e a tulipa – Wolf Erlbruch ~ Se o título não lhe instigou, preste atenção nessas três palavrinhas que definem a obra do autor alemão Wolf Erlbruch: sensível, reflexivo e belo. Leiam O pato, a morte e a tulipa, por favor! Sem mais… Obrigada! Impressões sobre este livro aqui.

» O último dia de um condenado – Victor Hugo ~ A obra política de Victor Hugo, que nos convida a refletir sobre a questão da legitimidade da pena de morte, sistema prisional e da lei, é no mínimo interessante. Achei a novela sensacional! E acredito que a peça “Uma comédia a propósito de uma tragédia” complementa bastante o debate da obra. Impressões sobre este livro aqui.

» Sailor Moon – Naoko Takeuchi ~ O mangá Sailor Moon é uma delicia ♥. Sua narrativa leve e frenética trás sensações agradáveis. Fiquei apaixonada pela atmosfera positiva da obra de Naoko Takeuchi. Impressões sobre este livro aqui.

» Thermae Romae – Mari Yamazaki ~ Thermae Romae é um dos mangás mais cômicos que já li! Não curto de jeito nenhum aquele humor imaturo, que foca em idiotices. Prefiro um humor sério, sarcástico e que jogue com as situações. Se as capas divertidas de Thermae Romae já me fazem dar risinhos, as aventuras do arquiteto Lucius Quintus Modestus (*só esse nome é hilário, hahaha*) me fizeram chorar de tanto rir. Mari Yamazaki, sua linda-talentosa! Impressões sobre este livro aqui.

» Viver – Yu Hua ~ Primeiramente tenho que dizer que adorei Viver! (*0*) Este livro foi uma excelente surpresa de 2014! O desenvolvimento da narrativa é algo tão palpável e intensa! E a escrita de Yu Hua é modesta, mas tão poética (*suspirando de amor*). Impressões sobre este livro aqui.

+ Menção Honrosa: A menção honrosa deste ano será diferente. Vou incluir duas releituras que estariam facilmente na minha lista de melhores do ano (^_~).

» Minha Vida de Menina – Helena Morley ~ Minha Vida de Menina, de Helena Morley, é um livro delicioso e historicamente valioso. Uma preciosidade da nossa literatura! Merece ser lida e apreciada (^_^). Impressões sobre este livro aqui.

» Sandman – Os Caçadores de Sonhos – Neil Gaiman e Yoshitaka Amano ~ A antiga lenda japonesa adaptada com maestria por Neil Gaiman e os desenhos sublimes de Yoshitaka Amano que ativam a beleza irreal dos sonhos é um conjunto perfeito. Sandman – Os Caçadores de Sonhos agradará qualquer leitor, simpatizante ou não do quadrinho. Impressões sobre este livro aqui.

E vocês, quais foram as suas melhores leituras de 2014?

Tchau 2014! o/ Feliz 2015! \o/

Livro: 1 Litro de Lágrimas – Aya Kito

1 Litro de Lágrimas - Aya KitoConheço a história da garota Aya desde 2008, quando assisti ao dorama (novela japonesa) soluçando a cada episódio. Sempre torci para que seu diário fosse traduzido em português. E eis que esse desejo finalmente foi realizado (^_^).

Aya Kito (木藤亜也, 19 de Julho de 1962 ~ 23 de Maio de 1988) sofria de uma doença chamada Degeneração Espinocerebelar. Essa enfermidade é tão cruel que o corpo definha aos poucos, impossibilitando a pessoa de andar, falar… Uma lista bem extensa de limitações irreversíveis. Entretanto a mente não é afetada, ou seja, o doente tem plena consciência de tudo que acontece.

Os sinais e sintomas começaram a aparecer quando ela tinha 15 anos. Imaginem o desespero dela e o choque da família com a péssima notícia. Uma menina cheia de planos, sonhos e que se esforçava ao máximo para realizá-los, teria sua vida prematuramente interrompida, regredindo até a morte. Aya se questionava por qual motivo a doença havia lhe escolhido.

Sua mãe, Shioka Kito, sugere a Aya que escreva um diário como forma de entender a doença e ajudá-la no tratamento, que infelizmente ainda hoje não existe cura. Aya empenhava-se diariamente a escrever e colocar naquelas páginas em branco tudo que sentia, era um apoio, uma forma de lutar, escrever era uma forma de continuar a viver.

Nesses trechos escolhidos para o livro, Aya quase não comenta do pai. No início ela diz que ele tem um temperamento meio difícil, mas é bonzinho. Em nenhum momento o senhor Kito ajuda a esposa com os cuidados da filha. Pelo que sei da tradicional família japonesa, o pai tem uma relação distante com seus filhos e até com a esposa. A responsabilidade da casa e da criação dos filhos fica a cargo total da mãe. Particularmente o achei um sujeito pouco afetuoso.

Já a mãe, é uma figura bastante presente na vida de Aya. Ela se doou a filha, cuidando e sempre a encorajando em todas as situações. A relação delas é muito bonita, forte e tocante. A parte mais sensível do diário que mostra os laços firmes dessa relação entre mãe e filha é quando Aya definitivamente não consegue mais andar:

“Vou me arrastando ao banheiro que fica a três metros de onde estou. Sinto o corredor gelado. A planta do meu pé estava tão lisa que parecia até a palma da mão. A palma da minha mão e meus joelhos estavam tão duros como deveriam ser a palma dos meus pés. Isso é horrível, mas não tem jeito. Essa era minha única forma de locomoção…

Senti a presença de alguém atrás de mim. Quando parei e me virei para trás, a minha mãe estava se arrastando atrás de mim. Ela não disse nada… apenas derramou gotas de lágrimas no assoalho… Os sentimentos que eu guardava dentro de mim vieram à tona e gritei aos prantos.

Minha mãe me abraçou com força e me deixou chorar o quanto quisesse.

O colo da minha mãe ficou encharcado com as minhas lágrimas e as lágrimas dela molharam os meus cabelos.

– Sei que é triste, mas vamos nos esforçar, Aya. Não se esqueça de que eu estarei com você. Venha para o seu quarto, antes que esfrie demais o seu bumbum. Pode deixar que ainda tenho força suficiente para te carregar nas costas e haja um terremoto ou incêndio, você será a primeira que correrei para salvar, por isso pode dormir tranquila. Não precisa pensar em mais nada. – disse minha mãe me abraçando e me levando ao quarto.” (pg. 141 e 142)

Me senti extremamente tocada com esse trecho. É triste, angustiante, mas ao mesmo tempo uma bela cena. Aya já tinha uma força incrível dentro de si para superar os obstáculos. Porém sua mãe era o pilar dessa força.

Ainda na família, depois que os irmãos souberam da doença degenerativa da primogênita, a irmã dois anos mais nova começou uma relação de amizade com Aya e lhe dava um grande apoio sentimental. Ela até se formou no Colégio Toyohashi Higashi, aquele que Aya foi obrigada a abandonar, e começou o curso de enfermagem para futuramente trabalhar próxima da irmã. E o irmão mais novo, nesta parte do diário já maior de idade, não mantinha um contato direto com a família, mas telefonava e repassava suas economias para os cuidados da irmã mais velha.

A vontade de publicar o diário da filha cresceu em Shioka. Ela organizou trechos importantes de mais de 46 cadernos que Aya escreveu dos 14 aos 20 anos e conseguiu publicá-lo dois anos antes da morte da filha, em 1986. O livro publicado não é só feito pela voz de Aya Kito, mas também nas palavras da mãe e da Dra. Hiroko Yamamoto, nos epílogos. Na sequência para finalizar tem o posfácio (em tom de tristeza, mas também de alívio) e uma nota sobre a patologia nos dias de hoje.

Vídeo: Primeira edição japonesa do diário de Aya Kito, intitulado 1 Litro de Lágrimas. Em 1986, no hospital, Aya e Shioka felizes com a publicação do diário.

A importância desse diário para os portadores de necessidades especiais e para quem sofre de uma doença incurável é de encorajamento. Para os “normais” uma experiência de vida. Mas acredito que as palavras sinceras de Aya também ajudem as pessoas a construírem em si o respeito pelas diferenças, o de ter a capacidade de se colocar no lugar do outro. Um sentimento que ainda carece em muitas pessoas.

O diário de Aya Kito é um livro doloroso, mas passa uma lição de superação, coragem e determinação. Mesmo sofrendo, ela se esforçou e lutou diariamente contra a doença. Espero que suas palavras continuem a transmitir coragem a muitas pessoas e que alcance outras.

1 Litro de Lágrimas - Aya Kito [Ed. Japão]

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Título: 1 Litro de Lágrimas
Título original: 1 liter no namida, 1リットルの涙
Autora: Aya Kito
Tradução: Karen Kazumi Hayashida
Editora: NewPOP
Páginas: 200
Ano: 2013

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  • Adaptações:

Obviamente, todas as adaptações são baseadas na história real e no diário escrito por Aya Kito, onde ela relata sua luta diária contra a doença, até não conseguir pegar mais na caneta.

› Mangá ~ 1 Litro de Lágrimas (Volume Único), escrito e desenhado por Kita.

1 Litro de Lágrimas - Kita [Mangá]

Publicado no Japão pela editora Gentosha em 2005, e chegando ao Brasil pela editora NewPOP em 2009, a narrativa do mangá é bem curta, mas cumpre o que promete, que é de mostra a jornada e luta de Aya. Gostei da arte simples e suave da Kita. O desenho é totalmente focado nos sentimentos da protagonista, por esse motivo acredito que o cenário não seja tão detalhado, ou, seja o estilo da mangaká. Não cheguei a chorar, mas fiquei bastante emocionada.

› Dorama ~ 1 Litro de Lágrimas, dos diretores Shosuke Murakami e Takao Kinoshita, com Erika Sawajiri como Aya.

1 Litro de Lágrimas - Kita [Dorama]

A novela possui 11 capítulos e foi exibida entre outubro e dezembro de 2005 na Fuji TV. As personagens e os eventos foram alterados, o enredo tem um tom mais romântico, mas a essência dos sentimentos de Aya está lá. O drama é lindíssimo e comovente! Chorei ao ponto de soluçar em todos os episódios (Ç_Ç). E o encerramento comove tanto que é impossível segurar as lágrimas. Se você quiser assistir, sugiro que separem uma caixa de lenços, porque pode acontecer de você chorar 1 litro de lágrimas. Ah, quem quiser ouvir o encerramento, à la vonté: K, Only Human (*acho essa música tão melancólica*).

› Filme ~ 1 Litro de Lágrimas, do diretor Riki Okamura, com Yoshimi Ashikawa como Aya.

1 Litro de Lágrimas [Filme]

Lançado em 2005, o longa-metragem foca nos dramas de Aya, nos pontos importantes da sua breve vida retirados de seu diário. Ou seja, a narrativa é próxima da vida real de Aya, sem as alterações do dorama. Sendo bastante tocante, triste e belo! Soube do filme depois que assisti à novela, e novamente, foi necessário mais um litro de lágrimas derramadas.